CONTROLE DE NATALIDADE DE CANINOS E FELINOS NO MUNICIPIO DE TUPÃ ESTADO DE SÃO PAULO (2003):

CONTROLE DE NATALIDADE DE CANINOS E FELINOS NO MUNICIPIO DE TUPÃ ESTADO DE SÃO PAULO -  BRASIL - RESUMO DE TRABALHO 2003

 Birth Control of Dogs and Cats in the Municipality of Tupã, State of São Paulo:

BRANDÃO¹, W.  -  CRMV – SP Nº 1154

MARTINS², M.I.ª - CRMV – SP Nº 4307

MIAKE³, S. – CRMV – SP Nº 2799

1-     Waldyr Brandão – Médico Veterinário – Presidente da Associação dos Médicos Veterinários e Zootecnistas de Tupã e Região (01/03) e membro da SPAT, Sociedade Protetora dos Animais de Tupã – SP.

2-     Maria Isabel Aleixo Martins – Médica Veterinária – Presidente da SPAT, Sociedade Protetora dos Animais de Tupã – SP.

3-     Sérgio Miake – Mé:dico Veterinário – Diretor da Clinica Veterinária de Tupã e da Associação dos Médicos Veterinários e Zootecnistas de Tupã e Região – SP.

RESUMO:

         A sociedade Protetora dos Animais de Tupã – SPAT – vem efetuando o controle de natalidade de animais caninos e felinos no Município, por meio de castração, tendo esterilizado, no período de novembro de 1998, a agosto de 2003, um total de 801 cães (38 machos e 5763 fêmeas) e 1.317 gatos (1.205 fêmeas e 1122 machos). Evidencia que esta é a melhor solução para controlar a população daqueles animais a longo prazo, norteado pelos princípios de proteção aos mesmos.

Palavra chave: caninos; felinos; castração; controle de natalidade; controle populacional.

A Associação dos Médicos Veterinários e Zootecnistas de Tupã e Região (AMVZTR), Estado de São Paulo, que dentre seus objetivos se destacam o apoio às iniciativas governamentais e não-governamentais e o desenvolvimento de ações contra doenças de animais transmissíveis ao Homem (zoonoses) – juntamente com a Sociedade Protetora dos Animais de Tupã (SPAT) – entidade não-governamental alicerçada nos princípios que norteiam a proteção animal, preocupada com os problemas que a superpopulação canina possa provocar no Município, e diante da ausência de ações governamentais neste âmbito decidiram pela implantação de um projeto de esterilização de cães e gatos no Município de Tupã.

Considerando-se que o simples sacrifício dos animais errantes não é solução adequada e humanitária, nem resolve o problema da superpopulação a longo prazo, as entidades mencionadas apresentaram o projeto de esterilização (castração) em cães e gatos, a serem realizadas, a preços reduzidos, em razão do interesse social e sanitário do assunto.

Fundamentaram-se no conhecimento técnico de que a castração é o melhor método de controle populacional de cães e gatos, por se tratar de um método racional, que evita tanto o sacrifício, como conseqüentemente riscos de doenças causadas pelo uso de drogas e anticoncepcionais, empregados na tentativa de redução de crias. A OSH (Ovário-Salpiongo-Histerectomia) além de ser um método socialmente aceito e econômico, é fácil de ser aplicado em clínicas veterinárias particulares, sem causar prejuízo ao atendimento da clientela que normalmente já se utiliza os serviços do médico veterinário.

Para argumentar sobre a importância do controle populacional pela castração, tomamos por base duas fêmeas felinas que, parindo oito filhotes por ano, podem ser progenitoras de 174.760 gatos, em sete anos. Isso se cada gato for deixado em reprodução por apenas um ano, número que pode ser maior se a gata continuar gerando oito gatos por ano, chegando a um total de 781.250 novos gatos (SOARES, 1998).

A proposta de programa de esterilização foi inicialmente encaminhada a todos os médicos veterinários clínicos de pequenos animais do Município, tendo sido acolhida apenas pela Clínica Veterinária de Tupã, que arcou com o ônus da aplicação do projeto, entendida a importância social e sanitária do mesmo.

Pode-se em princípio justificar a não participação dos demais profissionais do Município no projeto, pelo receio de prejudicar a imagem profissional e até da própria clínica veterinária, pela redução de preços, o que não constitui falta de ética profissional, em virtude de seu alcance social. Há ainda certo temor de que a aplicação do projeto em clínicas particulares possa vulgarizar o atendimento profissional, o que não ocorre em razão da seriedade dos trabalhos.

Constata-se na literatura brasileira que, na verdade, alguns profissionais antes resistentes ao trabalho, após conscientização, verificaram inclusive que houve aumento da procura dos clientes às clínicas; portanto, os preços reduzidos a serem cobrados num projeto semelhante ao proposto no presente trabalho não representam decréscimo no número de procedimentos cirúrgicos da clínica.

GARCIA (1996) afirma que a aceitação do programa por parte de clínicas particulares, participando do projeto de esterilização, por preços mais acessíveis ao proprietário de animais, reflete uma conscientização da classe veterinária, que tem resistência em reduzir os valores cobrados por seus serviços e que não acredita que as pessoas mais carentes possam tornar-se bons clientes, desde que bem orientadas e incentivadas por preços acessíveis.

Os médicos veterinários têm a tarefa de fazer com que essas pessoas percam o receio de entrar na clínica, de perguntar um preço, tirar uma dúvida, fazer uma consulta.

A SPAT e a AMVZTR adotaram como passos preliminares, para execução de projetos, os fundamentos dos trabalhos realizados nos Municípios de Taboão da Serra, Estado de São Paulo, e Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul.

Em Taboão da Serra – SP, a Prefeitura Municipal e os médicos veterinários do Município, realizaram uma campanha de controle populacional em caninos e felinos, promovendo o mês da castração, realizando esterilização em cães e gatos, a preços reduzidos. Tal campanha serviu também para a obtenção de dados estatísticos sobre a população daqueles animais (GARCIA, 1996).

No Município de Santa Maria – Estado do Rio Grande do Sul, existe o Clube Amigo dos Animais – CAA – entidade não governamental, que realizou campanha semelhante, com o mesmo objetivo, ou seja, o de reduzir, de maneira humanitária, o  número de cães e gatos abandonados, pelo controle da redução (CLUBE AMIGOS DOS ANIMAIS, 1998).

O controle da natalidade em cães e gatos, via esterilização, vem sendo realizados desde o ano de 1995 com sucesso, pela Universidade Estadual de Londrina – Paraná, direcionado à população carente do Município  e tem como fundamentação o fato de que o controle populacional por meio do sacrifício é paliativo e não resolve o problema da superpopulação a longo prazo. Clínicos da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, também se dedicam ao controle da superpopulação de cães e gatos.  Para cumprir tal objetivo realizaram em 1997 um círculo de palestras para clínicos de pequenos animais da Zona da Mata, cuja renda foi destinada a suportar os custos iniciais do projeto (1997).

Características do Município de Tupã:

O Município de Tupã, Estado de São Paulo, se localiza na micro região homogênea n. º 621, denominada “Alta Paulista”,  a 524 km  a Oeste de São Paulo. Sua área é de 624,0 km². Contava com 61.290 habitantes, segundo Censo Demográfico no ano de 1991 e tem atualmente 63.298 habitantes segundo o Censo do IBGE, ano de 2000.

Levantamento efetuado pela Secretaria Municipal de Saúde (1998) constatou a existência de 12.219 cães e 4.542 gatos, dos quais vacinados em Campanha de Prevenção Contra Raiva, 9.200 cães e 2.100 gatos.

No Censo animal do ano de 2003 o órgão Municipal constata a existência de 13.632 cães e 5.302 gatos, perfazendo o total de 18.934 animais. Comparativamente ao Censo do ano de 2001, houve um aumento de 4,2% na população canina e de 10,7% na população felina.

No ano de 2001, a população de animais domésticos na cidade era de 17.875, sendo 13.084 cães e 4.791 gatos.

A contagem de animais é realizada no Município através dos funcionários dos Postos de Saúde Familiar e do Setor de Combate a Endemias.              

 Nesta contagem não estão incluídos os animais vadios, mas estima-se a ocorrência destes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) na percentagem de 10% dos animais existentes no município.

...

      

Conclusão:

A SPAT desenvolve, paralelamente à campanha de esterilização, um trabalho de oferta de fêmeas já esterilizadas, para a adoção, estimulando a aceitação por parte dos futuros adotantes, a condição de fêmeas esterilizadas, havendo de 100% de adoção. Isso favorece o aumento do acesso de animais às clínicas veterinárias existentes no Município, porquanto esses animais, enquanto errantes não tinham quaisquer atendimento, ocorrendo que, com animais adotados, os novos proprietários procuram dar aos seus animais de estimação, todo o trato higiênico, clínico e estimativo adequados, tornando-se um grande potencial para os futuros atendimentos clínicos.(2003).

 Os trabalhos de controle de população canina e felina continua na atualidade sob os auspícios da ASPAT - suprvisionado por sua Presidente, Sra. Osmarina.